31.12.08

tremas

É dezembro e estou me sentindo mais velha.
Mês de aniversário, a idade vai pesando.
Mês de Reveillon, que te joga na cara mais um ano que passou.
Mas, não, nada supera a notícia de que a reforma ortográfica vai me transformar numa pessoa com uma biblioteca inteira desatualizada.
Ano que vem não ganho mais um ano, viro de outra geração: A que usava tremas.

21.12.08

 



Da minha pequena marina, na porta da geladeira.
Corujo muito esta menina, que me traz poesia todos os dias. Nas palavras ou nos olhos.

14.12.08

colcha de retalhos

Estou no banho. Observo o meu caçula que entra no banheiro. Olho para o corpo magricela enquanto ele abaixa a cueca e senta no vaso, brincando sozinho alheio à minha presença. Lembro do recém nascido careca que já não existe, assim como o bebê desdentado de cabelos encaracolados. Eu também já não sou seu espaço, sua nutriz, nem seu colo permanente. Tantos de nós que já não somos. E nem faz tanto tempo assim.

5.12.08

no tubo para conter o surto





sing me a song to set me free

1.12.08

you are the light

17.11.08

que bela sopa

Eu nunca acreditei na sopa de colóides. Aquela história que a vida surgiu de uma combinação de fatores superespecíficos e entediados por bilhões de anos, que quase como num balé lento experimentaram todas as posições possíveis até que - oh!- desprentensiosamente, combinaram-se em "vida" me parece tão surreal quanto um deus decidindo criar um mundo. Como também me desentendo com as figuras divinas (quaisquer que sejam elas e suas mitologias associadas) e não fui salva pela fé, vejo que as duas explicações, a religiosa ou a científica, não passam de narrativas que criamos para nos confortar um pouco do medão que temos quando não entendemos (controlamos) qualquer situação que estejamos envolvidos.
Isso ficou mais claro ainda para mim agora: Qual é a diferença entre a torre de Babel e o LHC (notícia velha, preciso explicar?): Contruções faraônicas que desejam encontrar algo que explicaria tudo mas que ninguém sabe mesmo se existe.
Surge um novo deus, o Bosón de Higgs. Mas periga dele ser natimorto.
Se não, que venham as pragas! Espiar divindades sempre custou caro para reles humanos.
Eu, herege, não escapo da fogueira!

16.11.08

café-com-leite

Éramos umas 5 crianças brincando de pique-pega naquela tarde na fazenda. Tirando o caçula, de 2 anos, girávamos em torno dos 7 anos de idade. E ele só tinha entrado na brincadeira, óbvio, como café-com-leite. No início, ele ficou todo feliz de ter sido admitido no grupo. Mas, depois de uns quinze minutos, o moleque que mal tinha controle das consoantes ainda, começou a se irritar por não ser pego ou por não aparentar nenhuma ameaça. Ninguém corria dele, em algum momento ele reclamou, alguém disse que ele era café-com-leite, que não valia correr dele, que era covardia porque ele era pequeno. Eu tinha duvidado que ele tinha entendido o café-com-leite, quando o pirralho enfurecido olhou em volta, meteu as duas mãos num monte de bosta que estava alí ao lado, e com um grande sorriso no rosto rubro de raiva disse:
-Quero ver quem não corre de mim agora!

Foi a primeira e única partida de pique-bosta que a gente teve na vida. E nunca corremos tanto naquele campo.

11.11.08

follow me



1.11.08

dupla face



26.10.08

obscuras



20.10.08



12.10.08

lições de ética e estética duma criança de 4 anos

Depois de alguns dias de febre e reclusão o pequeno pediu para passear na livraria.
Saiu de lá por influência minha, com um livro que conta a infância dos heróis/deuses da Grécia que ele aceitou por ter a história de Aquiles, o herói-xará.
Passamos alguns dias lendo este livro antes de dormir.
Quanto terminamos todas as histórias, ele me entregou o livro e disse:
- Mamãe, você não pode ler mais este livro para mim. Ele só tem histórias violentas e com mortes e você não me deixa ver coisas violentas, como Power Rangers, porque isto não é bom para as crianças, não é mesmo?
...
Imaginem a minha cara.
Alguém me tira desta?

10.10.08

20 minutos

Acabo o de engolir o almoço enquanto termino o último atendimento da manhã, desço correndo porque o trabalho continua em outro lugar. Já na rua, dois quarteirões para o metrô, celular na mão para checar se o caçula está sem febre . Mais um telefonema e tenho notícias da vovó. O terceiro, paciência, fica para depois porque não tem sinal na estação. Conecto o fone, escolho uma música, sento no vagão e abro um livro para me distrair. Sete minutos depois , desço do trem, subo as escadas, faço o terceiro telefonema dando instruções para um paciente que acha graça na minha falta de folego, enquando viro mais dois quarteirões até o outro trabalho. Acho que descobri como desdobrar o tempo...

5.10.08

conquiliológico



2.10.08

este lado para cima

um teto.


28.9.08

pop art sacra



21.9.08

para onde?



15.9.08

Tal como Ítalo

Dor na garganta, no pescoço um cachecol. Que passou o dia brincando na fumaça de moxabustão que queimei no trabalho, passeando com dois ou três perfumes descolados de abraços que ganhei, absorvendo o cheiro de um óleo aromático que usei pela manhã. E tão Calvino, no fim do dia, lembrou-me: " a vida não passa de uma mistura de cheiros".

8.9.08

elementar

Coleto pistas que o futuro deixou pelo presente e chamo isto de pressentimento.
Ou sou eu que vejo coisas que ainda não existem?
Mas se ver é que faz existir...
Ai, esta minha tristeza!

5.9.08

numa porta



31.8.08

balé


Inverno: a secura é mais bonita.


27.8.08

capturados

Eu que sempre me aproveitei das oliveiras, jamais tinha visto uma até então.
Somente alguns anos depois de encontrá-la, reparei nos seres que nela estavam...


25.8.08

cidade fantasma


Para que serve a paisagem se hoje é domingo dentro de mim?


18.8.08

não me deixe margem

Quando você não me quiser mais, vá.

Não se faça morrer lentamente.

Arranque-se de mim de uma vez.

Não me deixe margem

Eu não quero entrelinhas

Não me faça supor, nem me deixe esperar.

Dê-me logo o pior

Que eu prefiro

Ao fantasma da dor que eu nem sei se invento

Quando você não me quiser mais, vá.

Não me faça pouco

Nem se torne peso que eu não possa agüentar.

Deixe-me apenas; e não queira voltar.

14.8.08

casca


10.8.08

família



29.7.08

parque de diversões

Era início dos anos 80 e a gente não ia para colônia de férias.
A vida dos adultos lá de casa costumava a seguir o ritmo normal de trabalho, então se a babá furasse, a gente era carregado para o escritório onde minha mãe trabalhava na época.
Aquilo era o verdadeiro paraíso: Ficava num apartamento bem amplo, com uns varandões (sempre me lembro deles ensolarados), tinha todo um estoque de artigos de papelaria (de dar inveja em qualquer escola:milhões de pillots, furadores de papel, grampeadores, cola, cartolina, etc...), a chefe da minha mãe era divertidíssima (sempre esquecia da idade da gente e contava piadas pesadas), a gente sempre pedia comida do Macdonald's pro almoço e o Boy era super palhaço e ficava horas divertindo a gente.
Mas, o melhor de tudo é que tínhamos contato com com a mais alta tecnologia da época:
-Várias máquinas de escrever elétricas tão cheias de recursos que eram uma tentação para nossos apressados e descoordenados dedinhos pré-escolares
-Um aparelho de Telex que trazia mensagens do além. Dava medo.
- Uma máquina de xérox -esta era a melhor!- reproduzimos várias partes do nosso corpo em múltiplas cópias preto-e-branco.
Nem preciso dizer que torcia para babá dar o cano. E que as colônias de férias continuassem fora de cogitação. Para sempre.

28.7.08

são paulo


tão bonito o final de semana...


14.7.08

dicionário criancês-português

Não sei se existe, mas deveria existir.
Simplesmente por serem deliciosas as definições aí de baixo:

Pinga de choro: Lágrima (segundo o pequeno Achilles)
Pão Almofadinha: Brioche (eu chamava assim)
Paco-taco: Cavalo (segundo a Marina, reparar onomatopéia)
Furaco: Furo - buraco (essa é do meu irmão Pedro)
Água com gosto de dormência: Água mineral com gás (não lembro que dizia)

Tenho pena de não lembrar de outras agora.
Quem se lembra, hein, hein?




5.7.08

naquele instante



24.6.08

coisas idiotas que acontecem quando você não precisa de mais nenhum problema

Acontece mais ou menos assim:
O despertador te tira dum sono de seis horas mal dormidas. Você levanta (porque tem que trabalhar) e incrivelmente percebe que não está de péssimo humor. Checa o tempo e o friozinho te faz lembrar de todas as suas lindas roupas de inverno fervilhando dentro do armário. Como você mora no Rio de Janeiro, dispensa a calça de lã e opta por uma saia com meia calça de cor descolada que combina com teu cachecol levinho comprado numa loja de biquínis. Vestida, você engole o que se propõe a chamar de café da manhã e pronta pra sair descobre que não está atrasada (!). Mais uma vez o inverno te seduz e você resolve ir a pé para o trabalho que fica num perto-longe. Sai na rua toda faceira, chega a se julgar feliz (logo você, a rainha das manhãs mal-humoradas no meio de uma semana arrasada por um furação de problemas). Dois quarteirões depois, algo começa a incomodar. É no seu pé esquerdo. Na planta do seu pé esquerdo. Exatamente na base do primeiro metatarso. Você não liga, continua andando assim mesmo, tudo vai continuar agradável. Mais dois quateirões você se rende. Está doendo para caramba, você já está pisando torto e o outro lado do pé começa a doer também. Você pára, encosta no poste, tira os sapatos (que ainda bem não são de amarrar) e percebe que a costura da meia calça está torta e por isso, está pisando nela. "É só uma costurinha à toa"-você pensa- acerta a meia dentro do possível e segue. Mas o estrago tá feito e a meia, ainda torta. Você chega ao prédio do teu trabalho mancando e atrasada (não dá para andar rápido com o pé doendo, lógico!), entra no elevador sozinha (ainda bem), tira o sapato e acerta a meia definitivamente. Passa o dia trabalhando e disfarçando a pisada estranha, mas não tem coragem de tirar a meia e avaliar o estrago.
Na hora de voltar para casa, você olha o trânsito (que está um caos), checa o seu bolso (que está vazio) e resolve voltar a pé. Ingenuamente você segue, porque ainda não sabe que vai perder as contas dos tantos tropeções e torcidas de tornozelos que vão acontecer no caminho porque você não pode pisar direito para não piorar a dor da planta do pé.
Você chega em casa, finalmente tira a meia e avalia o estrago.
É, era só uma costurinha da meia calça fora do lugar. Agora é uma bolha enorme na planta do pé e um pé bichado que não consegue tolerar o contato com o chão.
Coisas idiotas que acontecem quando você não precisa de mais nenhum problema.
E não me venha dizer que podia ser pior. É claro que poderia.

19.6.08

gato mia

16.6.08

sombra no asfalto


13.6.08

sem bolinhas

Cansei das bolinhas...
soanaso em novo formato (só vai ficar do jeito que eu quero quando eu souber alterar o html).
Por enquanto é isso aí. Sem coca-cola, Dimi!

3.6.08

red socks pugie







27.5.08

TUDO SE MEXENDO

"OLHO PELA JANELA E VEJO CASAS, PRÉDIOS, PESSOAS E CARROS
E TUDO SE MEXE
NÃO DÁ PARA PARAR, NÃO DA NÃO, NÃO DÁ
NA MAIORIA DO TEMPO, TUDO FICA SE MEXENDO
QUASE NÃO DÁ PARA NOTAR
PORQUE O TEMPO PASSA RÁPIDO."

Escrito por Marina Kemper, minha pequena Mafalda, aos sete anos de idade.
Será que ela sabe o orgulho que tenho dela?

11.5.08

uma foto



I don't want to feel like I don't have a future.
I don't want to feel like it's an end of a summer.
Let's not fall back to sleep like we used to.
I don't want to wake up knowing I don't have a future.
(Shout out Louds - Impossible)

22.3.08

Você tem a chave
É só entrar
Me alimente de música
Que fico pequena de abraçar
Me toque no corpo
Que viro fumaça no ar
Para você respirar, para você respirar

Vem para cá
Traz o sol
Aqui dentro tenho o mar
O resto deixo de fora
Porque do lado de lá
A gente não tem lugar, a gente não tem lugar

2.2.08

Manual de Instruções para uma Ana Kemper


Simples asssim.