Era uma tia, não importa bem de quem. Sempre tinha uma por perto para contar as histórias terríveis. Nessas histórias não variavam nem personagem, nem o final: Uma criança desconhecida pelas outras presentes acabava morta. O motivo é que convenientemente mudava: Tivesse pipa, a tal criança morreria eletrecutada ao tentar resgatar a sua nos fios de alta tensão. Fosse dia de piscina, a criança morreria, ou depois de pular do último andar da plataforma de saltos ornamentais, ou por mergulhar muito com a barriga cheia do alomço. Também tinha a do sufocamento com bala soft, a da queimadura por abrir a lata de leite consensado cozida na panela de pressão ainda quente e a mais assustadora, a do suicídio após incorporação do espírito do copo (aquele mesmo do jogo). O tom era sempre solene, algumas vezes a tia lamentava pessoalmente a perda de tão bom menino por uma besteirinha. Acreditava-se, sempre. Pois quem iria duvidar daquelas que sabiam deixar a morte assim tão perto?
4 comentários:
Essas malditas tias velhas!!
Pior do que as histórias era quando elas resolviam apertar as bochechas!!
:)
beijos a todos!!
kiko,
pois é, elas são capazes de coisas horríveis...
beijo,
Fiquei com saudade do tempo em que as tias, tolhendo os nossos impulsos, nos davam motivos simples para o exercício da transgressão.
Adorei o texto. E tb as fotos.
bj
vera
vera,
que honra você por aqui! venha sempre! pois é, as tias... meu salto da plataforma de salto ornamental foi bem mais gostoso por causa delas... beijo e venha sempre!
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