30.11.09

Terríveis

Era uma tia, não importa bem de quem. Sempre tinha uma por perto para contar as histórias terríveis. Nessas histórias não variavam nem personagem, nem o final: Uma criança desconhecida pelas outras presentes acabava morta. O motivo é que convenientemente mudava: Tivesse pipa, a tal criança morreria eletrecutada ao tentar resgatar a sua nos fios de alta tensão. Fosse dia de piscina, a criança morreria, ou depois de pular do último andar da plataforma de saltos ornamentais, ou por mergulhar muito com a barriga cheia do alomço. Também tinha a do sufocamento com bala soft, a da queimadura por abrir a lata de leite consensado cozida na panela de pressão ainda quente e a mais assustadora, a do suicídio após incorporação do espírito do copo (aquele mesmo do jogo). O tom era sempre solene, algumas vezes a tia lamentava pessoalmente a perda de tão bom menino por uma besteirinha. Acreditava-se, sempre. Pois quem iria duvidar daquelas que sabiam deixar a morte assim tão perto?

4 comentários:

Chirol disse...

Essas malditas tias velhas!!

Pior do que as histórias era quando elas resolviam apertar as bochechas!!

:)

beijos a todos!!

ana k. disse...

kiko,
pois é, elas são capazes de coisas horríveis...
beijo,

Unknown disse...

Fiquei com saudade do tempo em que as tias, tolhendo os nossos impulsos, nos davam motivos simples para o exercício da transgressão.
Adorei o texto. E tb as fotos.
bj
vera

ana k. disse...

vera,
que honra você por aqui! venha sempre! pois é, as tias... meu salto da plataforma de salto ornamental foi bem mais gostoso por causa delas... beijo e venha sempre!