Gêmeas, nos odiávamos. Estávamos cansadas de sermos juntas.
Não era um sentimento colérico, mas um odiozinho nutrido no tédio dos anos ali paradas, lado a lado, sempre par.
Quando a pouco um avião me atingiu, entendi tudo isso melhor. Eu tinha sido atingida. Eu, a torre Norte e não as torres gêmeas.
Senti que minha irmã me olhava assustada e com inveja. Inveja sim, porque o máximo que ela tinha passado era por um atentado à bomba. Nada comparável a ser atingida por um avião. Isso eu passaria sozinha, sem ela. Sinto-me grande pela primeira vez em muitos anos. Já não era a mais alta do mundo, mas tinha um avião na barriga!
Mas a vez dela chegou também. Fiquei assustada. Senti que o baque nela fora maior. Percebi o abalo. Pressenti. E tive saudades daquele jovem equilibrista que um dia nos uniu com poesia de fio de aço. Um único dia de sentido da nossa duplicidade. Ela caiu...
Eu ainda estava de pé quando ouvi lá de baixo: Foi atentado!
Sorri desconcertada e caí: O primeiro prédio mártir da história.
Belo Monte - Belém
Há 12 anos
10 comentários:
haha, muito bom!
saudade de você
bjos
manti
Incrível.
Uma visão inusitada da tragédia!
deve ser chato ter uma gêmea imitando você... e ainda imita e faz melhor: cai primeiro...
uau.. que poético, lúdico, delicioso. adorei. (:
clap, clap, clap!!!
ih, esse é aquele?
gostei do toque do equilibrista.
beijos!
Muito bom.
(mas confesso que mexeu comigo a-nível-de-pessoa-que tem-irmã-gêmea, rsrsrs!!)
Beijos, beijos
manti,
fico orgulhosa de você ter gostado!
nicolau,
obrigada, estou te devendo um texto, não é?
chorik,
o tema proposto era contar o 11/09 na visão das torres...
bel,
não é? irmãos, irmãos...
graciete,
obrigada! adoro quando você vem!
narghee-la,
merci, menina! bom te ter por aqui!
dimi,
isso mesmo.
não, não,
por favor não engula um avião!
beijos para todos!
Sim, está !!
Beijos
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