Outro dia, li um imã na geladeira de uma amiga e fiquei pensando em coisas que funcionam ligadas a locais próprios. Nas artes plásticas, por exemplo, existem trabalhos "site-specific". Ou seja, a interação da obra com o espaço para onde foi criada faz parte do trabalho. A graça está na relação. Assim, descambando de área, lembrei das maravilhosas frases de pára-choque de caminhão: Idiotices que se tornam sublimes viajando entre rodas. E a psicologia de botequim? Quer coisa mais tosca se não vier de companheiros bêbados no fim da noite e no meio de uma desilusão? Pois é.
Aí pensei nestes imãs que aparecem em quase todas as geladeiras do meu círculo social. Eles trazem, muitas vezes, mensagens filosóficas com um tom sarcástico de personalidades conhecidas ou não. Que eu me lembre, a primeira vez que eu os vi foi na década de 90, bem quando descobriram que as placas de metal poderiam substituir os quadrosa de cortiça muito bem. Foi um 'boom' de imas, inclusive destes. Não sei porque foram parar na porta da geladeira, pois não parece a intenção inicial de seus fabricantes.
Mas que deu certo, deu. Não é engraçado ler aforismos na porta da geladeira? E conhecer o nome de gente que jamais teríamos contato se não fosse pela fome ou sede? Descobrir um pouco mais sobre o dono da casa pela porta da geladeira?
Sem contar a parte estética, que não vou nem comentar se não vão me chamar de patrulha por aí.
Ps 1: O imã que deu início ao post dizia algo mais ou menos assim: "Transformei- me em mim mesmo e não em outro quando comecei a fazer coisas que julgava proibidas." Não me lembro de quem é a frase, mas se a Bel ou a Tânia passarem por aqui, elas vão poder dizer, pois o imã mora na geladeira delas.
Ps2 : Outro dia ganhei um outro do Thiago: "Faça almoço não faça guerra". Não tem assinatura, mas é inspirador, não?
Belo Monte - Belém
Há 12 anos