Era uma tia, não importa bem de quem. Sempre tinha uma por perto para contar as histórias terríveis. Nessas histórias não variavam nem personagem, nem o final: Uma criança desconhecida pelas outras presentes acabava morta. O motivo é que convenientemente mudava: Tivesse pipa, a tal criança morreria eletrecutada ao tentar resgatar a sua nos fios de alta tensão. Fosse dia de piscina, a criança morreria, ou depois de pular do último andar da plataforma de saltos ornamentais, ou por mergulhar muito com a barriga cheia do alomço. Também tinha a do sufocamento com bala soft, a da queimadura por abrir a lata de leite consensado cozida na panela de pressão ainda quente e a mais assustadora, a do suicídio após incorporação do espírito do copo (aquele mesmo do jogo). O tom era sempre solene, algumas vezes a tia lamentava pessoalmente a perda de tão bom menino por uma besteirinha. Acreditava-se, sempre. Pois quem iria duvidar daquelas que sabiam deixar a morte assim tão perto?