Eu era uma criança estranha. Mesmo.
Era na época de Roque Santeiro e mesmo sendo proibida de assistir novela, eu bem que espiava escondido.
E, ao invés de morrer de medo do professor Astromar (depois revelado o lobisomem da trama) eu ficava apavorada com o Mengele.
Tudo bem, é bem justo ter medo do sujeito. O médico nazista injetava tinta em olho de criança para deixar azul e fazia um tanto de outras coisas terríveis nos campos de concentração. E ainda veio fugido para o Brasil depois de escapar da prisão na Alemanha.
Eu tinha a certeza que o sujeito era meu vizinho e que iria me roubar no portão do prédio para me usar de cobaia, mas ele morou em São Paulo e Nunca no Rio. E ainda faleceu em 1979, bem antes de habitar meus pesadelos, em torno de 1985.
Viu, isso é que dá ter pai/mãe que proíbe novela e permite fantástico.